Baixista e parceiro de Chico Buarque, Jorge Helder reforça tributos aos 80 anos do artista com o álbum ‘Samba e amor’
Com oito músicas do compositor, o disco prima pelo requinte instrumental e vem com as vozes sagazes dos cantores Filó Machado e Vanessa Moreno. Capa do álbum...
Com oito músicas do compositor, o disco prima pelo requinte instrumental e vem com as vozes sagazes dos cantores Filó Machado e Vanessa Moreno. Capa do álbum ‘Samba e amor – Jorge Helder toca Chico Buarque’, de Jorge Helder Arte de Alexandre Amaral ♫ OPINIÃO SOBRE DISCO Título: Samba e amor – Jorge Helder toca Chico Buarque Artista: Jorge Helder Cotação: ★ ★ ★ ★ ♪ Ao longo de 2024, houve vários shows e discos em tributo aos 80 anos de Chico Buarque, celebrados em 19 de junho. Aos 40 minutos do segundo tempo, Jorge Helder entra em campo com álbum em homenagem ao craque carioca, Samba e amor – Jorge Helder toca Chico Buarque, no mundo a partir de sexta-feira, 1º de novembro, em edição do Selo Sesc, com capa assinada por Alexandre Amaral. Helder reforça os tributos com a autoridade de ser baixista da banda de Chico desde a década de 1990 e – mais do que isso – de ser parceiro do compositor nas músicas Bolero blues (2006), Rubato (2011) e Casualmente (2017), lançadas na voz de Chico nos três últimos álbuns de estúdio do cantor. No disco Samba e amor, Jorge Helder forma quarteto de jazz com os músicos Chico Pinheiro (guitarra), Hélio Alves (piano e teclados) e Vitor Cabral (bateria e percussão) para tocar Chico Buarque com liberdade estilística. A veia jazzística pulsa sobretudo na abordagem instrumental de Deus lhe pague (1971), uma das oito músicas tocadas por Helder no disco gravado em janeiro deste ano de 2024 no estúdio Arsis, na cidade de São Paulo (SP). Embora abra com versão instrumental da canção As vitrines (1982), em gravação na qual o jazz se insinua na parte final da faixa, o álbum Samba e amor – Jorge Helder toca Chico Buarque está longe de ser um disco instrumental. As vozes dos cantores Filó Machado e Vanessa Moreno são ouvidas ao longo do álbum. Às vezes juntas, como em Brejo da cruz (1984) e como no samba Morro Dois Irmãos (1989), músicas revividas com timbragem sofisticada, sendo que Morro Dois Irmãos é revisitado por Helder na companhia de outro baixista, Iury Batista. Às vezes, as vozes dos cantores estão separadas, como na canção Basta um dia (1976) – abordada em formato quase convencional com solo vocal de Vanessa – e como no samba Ela desatinou (1968), cantado por Filó em gravação feita com a adesão do percussionista Rafael Mota. Tudo soa requintado no disco batizado com o nome do samba lançado por Chico Buarque em 1970. Contudo, para degustar Samba e amor – Jorge Helder toca Chico Buarque, é preciso desapegar do registro original de O que será? – À flor da terra (1976), por exemplo. Jorge Helder não faz cover de Chico. Samba e amor é disco de músico! As vozes de Filó Machado e Vanessa Moreno estão a serviço da jazzística cama instrumental armada por Jorge Helder para saudar o amigo Chico Buarque. Nessa cama, o baixista faz samba e outros ritmos com amor tanto ao artista quanto às liberdades do jazz. Chico Buarque (à esquerda) com Jorge Helder no estúdio da gravadora Biscoito Fino em foto de 2017 Leo Aversa / Divulgação